Impressionante como o reino de Deus absorvia os pensamentos de Jesus. Ele parecia não ter outro assunto para conversar com as pessoas. Por onde andava falava acerca do Reino. Usava parábolas e até as circunstâncias a sua volta. Aproveitava todas as oportunidades para falar a respeito.
Em sua primeira pregação pública ele proclamou: “O tempo está cumprido, e o reino de Deus está próximo. Arrependei-vos, e crede no evangelho (na boa notícia)”. (Mc 1:15)
O príncipe fariseu chamado Nicodemos foi visitá-lo em oculto e, quando iniciava uma conversa, ouviu de supetão que precisava nascer de novo para ver e entrar no reino de Deus.
Quando os discípulos impediam as crianças de se aproximarem dele, ouviram a indignada afirmação: “Deixai vir os meninos a mim, e não os impeçais; porque dos tais é o reino de Deus. Em verdade vos digo que, qualquer que não receber o reino de Deus como menino, de maneira nenhuma entrará nele”. (Mc 10:13-15)
Ao jovem rico que queria ter vida eterna Jesus aproveitou o gancho para mostrar que riquezas e o reino não combinam: “Quão dificilmente entrarão no reino de Deus os que têm riquezas!” (Lc 18:24)
Aos fariseus que o ultrajavam por ter curado um homem endemoninhado cego e mudo (Mt 12:22-32), ele aproveitou para mostrar que se de fato ele estava curando pelo Espírito de Deus é porque, sem sombra de dúvidas, o reino de Deus havia chegado.
Quando enviou setenta discípulos a todas as cidades e lugares, Jesus fez questão que estes soubessem o que deveriam fazer: “ E curai os enfermos que nela houver, e dizei-lhes: É chegado a vós o reino de Deus”. (Lc 10:9)
Jesus comparou o reino com semente, com grão de mostarda, com fermento, com rede lançada ao mar, com um tesouro escondido no campo, com uma pérola de grande valor e etc.
No sermão do monte, quando as multidões procuravam-no para receberem cura, Jesus se volta para seus discípulos e fala-lhes sobre os valores do reino de Deus (Lc 6:20).
Na primeira multiplicação dos pães e peixes, passou quase o dia inteiro falando do reino e curando enfermos (Lc 9:10-12). Na segunda, passou três dias!( Mt 15:29-39)
Aos religiosos ele disse que o reino de Deus não tinha aparência exterior (Lc 17:20,21). A Pilatos, que seu reino não é deste mundo. (Jo 18:36). Aos discípulos, que estes tinham o direito de conhecer os mistérios do reino (Mc 4:11). E até quando comia sua última ceia ,ciente de que iria para a cruz, ele fez menção do reino de Deus (Lc 22:14-18).
É inegável que o Reino de Deus era o único tema do ministério de Jesus. Tudo convergia para o Reino de Deus. Por quê? Jesus bem que poderia aproveitar a fama para se promover. Antes, pelo contrário, ele sempre indicava o Reino de Deus como a moral da história. Como o x da questão. Como o foco. Por quê? Por que ele veio anunciar o Reino de Deus?
“Então dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos do meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado, desde a fundação do mundo” (Mt 25:34)
Quando Deus criou o primeiro casal, lhe deu o governo da terra (Gn1:26-28).
Adão e Eva receberam autoridade sobre todos os animais, todas as plantas e sobre toda a terra. No entanto, sobre eles mesmos, governava Deus; o qual se relacionava com o casal todos os dias.
Deus criou o ser humano para ser Sua família (Ef 1:4,5). Sim, Ele se propôs ter uma família com muitos filhos, onde o caráter destes filhos fosse semelhante ao do seu primeiro Filho: Jesus. (Sabemos - por vários textos no Novo Testamento - que Jesus já existia no período da criação. Ele , a propósito, estava com o Pai participando do ato criativo.)
Quanto a Adão e Eva - seus dois novos filhos - o fato é que o próprio Deus reinava sobre eles.
Podemos falar que a vida no jardim do Deleite (Éden, em hebraico) foi uma espécie de protótipo do Reino de Deus na terra. Adão e Eva tinham tudo que precisavam, tanto em termos materiais quanto espirituais. Tinham toda sorte de alimentos à disposição, não adoeciam, não entristeciam, não tinham sentimentos pervertidos ou de sofrimento. Eles não conheciam o mal, eram puros e tinham acesso à presença do próprio Deus, que se relacionava com eles como Pai. Um Rei -Pai.
Eles tinham o governo da terra e até eram parecidos com Deus ! (Sl 8:4-9)
A vida no Éden, narrada em tão poucos versículos, é uma pequena demonstração do Reino que Deus planejou para os seus filhos: UMA FAMÍLIA PERFEITA; COMPLETA. E Deus não queria muito, apenas o amor e o respeito por sua autoridade absoluta de Criador-Rei-Pai.( E Ele é isso tudo mesmo, ora essa!)
Adão e Eva estavam debaixo do governo de Deus. E, se eles quisessem, poderiam viver assim para sempre. Haja vista a árvore da vida ter sido plantada bem no meio do jardim e liberada para consumo (Gn2:9). Esta árvore é símbolo da eternidade. Mas eles preferiram experimentar a árvore que os tornava independentes de Deus; separados de Deus: MORTOS (Gn2:16,17). O TERMO MORTE usado por Deus não refere-se à extinção - tal qual entendemos a morte - MAS À SEPARAÇÃO. Separação de Deus, do Seu governo, da Sua família.
Adão e Eva também não eram obrigados a viver debaixo do governo de Deus ou na Sua família. E a prova disso, é que eles tinham a faculdade de escolha. E escolheram. Terrivelmente mal, mas escolheram.
Havia diante deles dois propósitos: continuar debaixo do governo de Deus como Sua família que logo se espalharia sobre a terra, comer a árvore da vida e se tornar eterno ou rejeitar o governo de Deus e tornar-se aquele que governa sua própria vida e destino.
Esta ilustração mostra de forma clara e contundente o que aconteceu no Éden.
“Hum... Deixe-me ver... Continuar sob um reino ou reinar? Ter a imagem de Deus ou ser Deus? Hã hã, já sei! A serpente garantiu que não vamos nos separar de Deus, só seremos iguais a Ele. Isso é bom. Muito bom!”
Em resumo, eles quiseram tomar o lugar de Deus, assim como Satanás também o quis. E da posição de filhos passaram a inimigos de Deus (Rm 5:10).
Nossos primeiros pais foram SEPARADOS DE DEUS. E, para tristeza da humanidade, eles só conceberam filhos depois da desobediência (Gn 4:1,2). Ou seja, todos os seus descendentes nasceram separados de Deus. E toda a raça humana foi considerada DESTITUÍDA da glória de Deus (Rm3:23).
Poderia afirmar que toda a História da humanidade resume-se nestas duas posições:
Estar DIANTE DO TRONO
Estar no Reino de Deus ou ter seu próprio reino.
Bom, o homem foi separado de Deus, mas Deus continuou com seu Reino. Ele não desistiu de ter a sua numerosa e perfeita família.
Enquanto Adão e Eva falharam na construção da família de Deus, adiando-a. Jesus cumpriu cabalmente tudo que lhe foi proposto pelo Pai. E este é o Reino que Ele veio anunciar e estabelecer na terra.
Não entenda “terra” como “mundo”, “espaço físico”. Entenda como “homens”, “pessoas”. Jesus veio estabelecer o Reino de Deus nas pessoas. Ou melhor, as pessoas - os descendentes de Adão e Eva - ganharam o direito de entrar no Reino de Deus através de uma Porta: Jesus Cristo.
Como se dá isso? Pois é, que coisa incrível! Ao conseguir cumprir ao pé da letra tudo o que Deus propôs para reatar a amizade do homem Consigo Mesmo (Rm5:10), Jesus, através de Sua morte e ressurreição, adquiriu autoridade para adotar pessoas de todas as tribos, línguas e nações para serem feitas filhas de Deus (Ap 5:9,10 e Jo 1:12).
Não tem outra história, é isto mesmo! Jesus pagou a dívida alta que Adão e Eva nos deixaram(Cl2:14). Com seu sangue derramado ele saciou a justiça de Deus que exigia punição pela culpa cometida (Rm 3:25). Ou seja, a mais de dois mil anos que é possível ao ser humano voltar para o Governo de Deus! Voltar para o Seu propósito. SER SEU FILHO PARA SEMPRE!!!
COMO? Arrependendo-se de ser esta pessoa independente de Deus que você é. A independência está no seu “DNA”. Não é só o que você faz, mas o que você é! (Ef 2:3)
Você está sentado no trono desde que nasceu. E, por conseguinte, separado do Pai. Morto para Deus. NO OUTRO REINO. Neste mesmo que você pensou: no reino das trevas.
É certo que você não escolheu nascer assim, mas ESCOLHEU VIVER ASSIM. Saiba que só a fé no sacrifício de Jesus, o arrependimento genuíno por esta sua vida independente de Deus e o batismo nas águas pode lhe introduzir no Reino de Deus (At 2:38,39).
Consegue ver a grandeza deste amor? Deus nos transportou do reino das trevas para o reino do Seu Filho amado (Cl 1:13).
Pois é, como dizia antes, já que Jesus conseguiu cumprir tim tim por tim tim o que o Pai queria e abriu a porta para Sua Família continuar sendo edificada, Deus O RESSUSCITOU E O EXALTOU TANTO, QUE LHE DEU UM NOME SUPERIOR A TODOS OS QUE EXISTEM NOS CÉUS, NA TERRA E DEBAIXO DELA (Fp 2:9-11). Deus honrou tanto o Seu Primeiro Filho que lhe constituiu Senhor sobre tudo e sobre todos - exceto sobre Si Mesmo (At 2:32-36).
O que é “tudo” e o que são “todos”?
Deus pôs Jesus por Rei sobre Seu Reino (Lc 1:32,33). Dando-lhe todo o poder no céu e na terra (Mt 28:18). Fazendo-o assentar-se à Sua direita no céu (At 2:32-35). Ordenando que os anjos o adorem (Hb1:6). E determinando-lhe um reino que ultrapassa as barreiras do tempo e do espaço (Ap 11:15).
Por meio de Jesus, Deus nos concedeu mais que um jardim do Éden. Nos deu a eternidade, a Sua paternidade, a Sua herança e o imensurável prazer de ter Sua própria presença em nossas vidas (IJo 5:10-13).
Sabe o que é mais admirável de todas estas coisas extraordinárias? É que o Senhor Jesus, mesmo sendo tudo o que é e tendo tudo o que tem, anseia compartilhar tudo conosco. Ele não é prepotente, arbitrário e egoísta, como a maioria dos que têm poder nas mãos. Ele é um Rei manso, justo e amável.
Em suma, estar ou não estar no Reino de Deus é a essência de toda a nossa vida.
Em qual reino você está?
A Porta ainda está aberta.
